domingo, 15 de abril de 2007

Pequeno causo...

Perdido nalgum canto da África, um certo chef andava à procura do ingrediente perfeito. Entre um oásis e outro, encontrou um gringo que ao ar indagava: "You talkin' to me?".
Alarmado, se aproximou, e arriscou num globês precário: "Well, I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to?".
Teria ouvido a resposta, não estivesse tão intrigado com a nudez do rapaz - que ostentava um lindo pinto, de espessura milimétrica.
Pouco pensou... E zás! Levou na faca a hombridade do rapaz.
Juntou alho, cebola, páprica e pimenta e preparou o que seria a recomendação da casa naquele domingo ensolarado.

domingo, 1 de abril de 2007

"Parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa?"

Combinei de passar na casa de um amigo meu, depois da minha aula. Subentendeu-se "às 18h".
A aula acabou mais cedo, lá pelas 16h. Fui pra lá sem ligar antes, no escuro, com certeza absoluta de encontrá-lo.
Sinal pro ônibus, bilhete único, desce, sinal pro ônibus, bilhete único, desce, toca o interfone.
O porteiro atendeu.
"Por favor, o Celso, do apartamento quarenta?"
"Seu nome?"
"Virgílio." (Há um tempo, eu dizia Jorge, João, Zé ou até Montana - sabe como é, tempo é dinheiro).
"Como?"
"Vir-gí-li-o."
...
Devia ter avisado... Ele deve ter saído. E mesmo que tenha saído pra comprar cigarro, comida, o que for, é bem capaz que demore o tempo suficiente pra eu me encher o saco e voltar pra casa.
Mas ele não sairia agora. Não tem porquê - vai atender jajá.
Puta merda, devia ter ficado no ônibus. Vou ter que voltar pro ponto, esperar outro, pegar trânsito...
São Paulo é foda. Não é como Pirassununga. Lá eu passava na casa de algum amigo, de bicicleta, sem avisar e sem medo de ele não estar em casa. Se não estivesse, era simples: eu pegava a bicicleta e ia embora.
Aqui é complicado... Eu devia ter avisado.
Bom, eu tenho certeza que ele está em casa. Se não estiver, eu volto pra minha, não tem problema.
Devia ter ligado.
...
"Pode subir!"
"Obrigado."

Isso aconteceu há uns quatro dias, e eu esperei na porta do prédio uns quinze segundos. Foi o tempo do Celso ouvir o interfone, atender e me deixar subir. Pouco tempo. Foi o tempo de eu pensar em Pirassunga, trânsito, desencontros... Muito tempo.
"O pensamento parece uma coisa à-toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar?", cantava Lupicínio Rodrigues, cheio de razão.
Eu queria saber o que pensava Machado de Assis sobre isso. Talvez eu morra querendo.
A gente voa...
A gente voa.